quarta-feira, 23 de abril de 2008

A moderna liderança

As organizações têm evoluido em paralelo com a evolução das sociedades ou seja com o desenvolvimento humano.
Durante a maior parte do século XX as organizações encontravam-se centradas no trabalho físico, na burocracia, nos controlos de 1ª e 2ª ordem e numa visão do chefe como alguem a quem se deve obediência, sem questionar ou pensar. No entanto, com o aparecimento de novas áreas de trabalho, como a industria ligada aos computadores (hardware e software), biotecnologia/farmacêutica, telecomunicações, turismo, etc, tem se vindo a registar uma mudança significativa no conceito de organização, suas práticas e estrutura.
O trabalho físico deu lugar ao trabalho cognitivo, a burocracia à flexibilidade, os controlos de 1ª e 2ª ordem ao controlo de 3ª ordem e em oposição à imagem de um chefe como uma autoridade inquestionável, ou seja, o chefe como centro aglutinador, surge cada vez mais o papel do líder como alguem que promove contextos, que motiva, que gere pessoas, cada uma com a sua singularidade.
Migrámos de um contexto de produção científica, baseados na sistematização, para uma situação de criatividade humana, com toda a sua complexidade.
Assim, é natural, que também os conceitos e exigências das funções de liderança se tenham vindo a alterar ao longo do tempo, bem como a percepção, por parte dos colaboradores das organizações, do que é um bom ou mau chefe.
Se hoje em dia é importante estudar e avaliar as características psicológias dos trabalhadores de uma empresa, a sua personalidade, necessidades, atitudes, preferências e motivos, também o é relativamente às chefias, pois é impossível gerir uns sem conhecer os outros. No mundo organizacional moderno, todos somos humanos, interdependentes e comunitários. Mais, se no passado viviamos na época da satisfação, em que o objectivo primordial do trabalho era não mais do que garantir os meios para os fins e em que as empresas se preocupavam apenas em cumprir as suas obrigações directas para com o trabalhador, pagando o seu salário e demais compensações, hoje em dia encontramo-nos na época da motivação, ou seja, da partilha de valores, no estabelecimento de obectivos de forma partilhada e realização pessoal através do trabalho.
A humanização do líder e das suas competência estabelece novos desafios quanto ao recrutamento e formação de pessoas para posições de chefia. Se antigamente o objectivo da selecção era encontrar alguem com as competências científicas certas, hoje em dia o perfil encontra-se difuso entre ciência e humanidade, o que nos leva a uma pergunta: será possível formar pessoas com esse perfil? Ou será algo inato?
É actualmente aceite que personalidade e desempenho não caminham lado a lado, no entanto com esta humanização e a cada vez maior componente interaccional das posições de chefia, a compreensão dos traços característicos de cada pessoa podem ser decisivos na avaliação da competência para líderar.
Modelos de classificação da personalidade, como o “BIG 5” claramente estabelecem as dimensões tipo das pessoas, bem como as respectivas percepções sociais associadas. Características como a extroversão, amabilidade e conscienciosidade podem ser determinantes para a definição de um líder.
Por outro lado, as competências de liderança e subsequente desempenho, não parecem ser exclusivas de um pequeno número de indivíduos dotados. De facto a capacidade de liderança existe potencialmente em todas as pessoas, sendo um potencial que pode emergir através da experiência e da capacidade para aprendizagem, sendo beneficiada com a vivência.
Para liderar parece ser necessário compreender que a liderança deve ser entendida como a capacidade de um individuo para influenciar e motivar os outros de modo a contribuirem para a eficácia e sucesso de organização da qual são parte integrante. É um processo através do qual um membro de um grupo ou organização influencia a interpretação dos eventos pelos restantes membros, a escolha dos objectivos e estratégia, a organização das actividades de trabalho, a motivação das relações de cooperação e o desenvolvimento das tarefas.
Em resumo, uma boa liderança é função directa da motivação, da aplicação da justiça organizacional e da correcta gestão da cultura organizacional, bem como das suas diferentes sub-culturas. Liderar é também gerir pessoas com particulariades próprias ao mesmo tempo que compreendemos as nossas limitações e as tentamos complementar de uma forma cooperante através da realização dos outros.

Mr. Anderson