sábado, 5 de dezembro de 2009

Há vida depois do PhD?

È verdade. Após 353 dias do fim do dito cujo, ganhei finalmente coragem para escrever sobre o assunto. Não por motivos de trauma ou repressão de qualquer espécie mas sim por uma razão que se diz “apenas portuguesa” …. Saudade. Pura saudade.

- Saudade de quê?!? – Perguntam aqueles que passaram ou estão a passar pelo processo.
Passo então a explicar. Saudades das dúvidas, das questões, da metodologia, do pensamento focado, organizado, mas acima de tudo, da clareza e convicção nas respostas (não se iludam os iniciados… esta última parte é só mais para o fim:).

Ainda não perceberam? Vou então contar o que está a acontecer comigo...

- Dúvidas e questões? Mais ou menos. Nos dias bons.
- Metodologia? Sim, ficou.
- Pensamento focado, clareza e convicção nas repostas?

Desapareceram ! … E não faço a mínima ideia para onde foram!!!

O assunto é sério. Até porque não afecta só o conhecimento científico mas sim todas as áreas em geral. Vejamos: Tomei consciência que, ultimamente sou incapaz de levar a bom termo, uma conversa sobre filmes (recentes ou antigos), pois não me lembro ou da história ou dos actores; música? só cantarolada; livros? Confusão total. Não sei se li… acho que sim… vi o filme? não me lembro. Personalidades? “Sou péssima para nomes!” Enfim…

Mas o verdadeiro problema consiste nas perguntas! Logo eu, que gostava tanto de participar em discussões acesas… dou agora por mim a fugir quando oiço “olha lá…?”.

Questões como “O que achas?” lá consigo balbuciar uma resposta porque tenho o álibi do “acho eu…” e acrescento logo: ”mas não tenho a certeza…”

Perguntas do género: Como? Começo a gaguejar. È que é instantâneo! Nos primeiros segundos saem uns rugidos do género: “Ahhhragh…” depois e eliminado o impulso do “não me aborreças…”, e quando acho que sei a resposta, vem sempre um: “Bem…” e enfim lá começo a tentar explicar… sempre voltando atrás umas 3 ou 4 vezes para me certificar se era mesmo aquela a pergunta.

Mas o verdadeiro terror aparece nas questões O que é? e Porquê? Aqui… o pânico instala-se!!
A minha garganta seca e da minha boca não sai um som… os meus olhos ficam arregalados (acho eu…), o meu corpo paralisado e a minha mente só elabora intricados planos de fuga…
Não consigo evitar!!
Reparem, mutas das vezes, passada a pressão, tomo consciência que até sei a resposta… simplesmente não consegui organizar o pensamento em tempo útil por forma a articular!!

O caso seria insignificante se não se desse o facto de eu trabalhar no meio de pessoas inteligentes e curiosas que fazem perguntas de 5 em 5 minutos (isto nos dias bons… porque podem surgir de minuto a minuto!)

Como acho que isto se está a tornar um problema sério resolvi desabafar com alguém cujos conselhos são normalmente sábios. Após expor o meu problema, o rosto dessa pessoa iluminou-se num sorriso e sem gaguejar, hesitar ou pestanejar, respondeu:

“Oh filha, isso é a velhice!! ”

Fim da história.

S

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Gripe A salva vidas!

Após meses em banho Maria, a gripe A entrou definitivamente no quotidiano dos Portugueses.
Nas últimas semanas assistimos a uma escalada do número de casos desta mal fadada doença, que segundo a DGS afectou em Portugal, entre 31 de Agosto e 6 de Setembro, 2.390 pessoas sem qualquer notícia de mortes. Na Zona Euro e segundo os últimos números da OMS (11/09/09) , registaram-se cerca de 49.000 novos casos com uma taxa de mortalidade de 0,2%. Terrivel!....ou não?
Não sei! Do ponto de vista individual a gripe A pode ter consequências sérias, especialmente no que diz respeito às pessoas que fazem parte dos grupos de risco e às populações que não têm acesso a bons cuidados de saúde. Relativamente a estas pessoas faz todo o sentido ter cuidado e tomar caldos de galinha. Mas do ponto de vista da sociedade? Não será a gripe A boa? Quais as consequências até agora?
As pessoas lavam mais as mãos, têm um maior cuidado com a sua higiene e com os outros, as empresas têm vindo a preparar planos de contigência (os quais poderão vir a ser usados para outras situações mais graves...), os serviços de urgência encontram-se a testas os seus níveis de prontidão, etc. No seu geral a sociedade está a reagir preparando-se para a tempestada quando o que parece vir são uns aguaceiros comparando com o que para ai anda. Não é também de negligenciar o número de vidas que a gripe A poderá salvar indirectamente este inverno devido aos cuidados extra que estamos a ter. Seria interessante verificar na próxima primavera quantas mortes tivemos este inverno de gripe (A e sazonal), pneumonia, tuberculose, etc.
Termino este texto com um conselho a todos: mantenham o vosso nível de alerta e cuidado geral, não só pela gripe A mas também pelo que ela nos pode ensinar para o futuro.

Mr. Anderson