sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

A melhor polícia do Mundo !!!!! PARTE 2

GF mostrava-se nervoso, pouco à vontade. Puxou-me para um canto da sala.
- Compreenda que tudo o que eu lhe disser jamais poderá ser confirmado. Não existem relatórios escritos, gravações ou outros documentos de qualquer tipo. Do meu relato não constarão nomes. Qualquer associação que fizer será da sua inteira responsabilidade.
- Compreendo –murmurei.
Inspirou fundo e começou:
-“ Para além de horror Humano, o 11 de Setembro mostrou ao Mundo, em directo, o maior pesadelo da Civilização Ocidental. Segurança. Ou melhor, a ausência de Segurança. O pilar da Civilização Ocidental baseia-se em Segurança. Como? Começarei por refexões simples.. Porque estudamos? Porque estamos seguros que isso nos trará vantagens no futuro. Porque procuramos emprego? Porque queremos segurança para educar os nossos filhos para que também eles se possam sentir seguros. Segurança para pensar no Futuro. Segurança para adquirir bens de consumo. Porque confiamos as nossas crianças de tenra idade a instituições de ensino? Segurança. Porque confiamos o resultado do nosso trabalho a instituições finaceiras? Segurança. Porque formamos polícias? Segurança. Porque legislamos? Segurança. Porque equipamos os nossos portáteis com anti-virus e firewalls? Segurança. Porque nos preocupamos com a alimentação e saúde? Segurança.”

Devo confessar que achei a explicação de GF um pouco forçada...

- “Ora com o 11 de Setembro, ficou evidente que os dias de Segurança se encontravam presos por um fio. Não só pela facilidade com que foi executado, a forma como passou despercebido às agências de Segurança, mas também pelo facto ter sido executado por pessoas comuns, que viviam em segurança no nosso mundo seguro.
Pessoas influentes do mundo Ocidental multiplicaram-se em reuniões. A reformulação das forças de Segurança era urgente para a sobrevivência do Ocidente e de todos os valores que este representa. O 11 de Setembro provou que as forças policiais existentes não mais satisfaziam as necessidades do cidadão. Era preciso reformular, inovar. É neste contexto que nasce a ASAE.”

GF fez uma pausa. Estava com um olhar distante, as mãos suadas. Interrogei-me se não teria bebido uns copos a mais.

- “Os desafios eram enormes. A conduta do cidadão deveria ser cuidadosamente preparada, controlada e programada de forma a não colocar em risco a segurança. A ordem foi: Tolerância Zero. A principal desavantagem prendia-se com outro valor muito querido aos Ocidentais, a Privacidade. Como vieram comprovar mais tarde os atentados de Londres e Madrid, a privacidade era um luxo incomportável. Como explicar isto à Sociedade? Impossível. Foi resolvido então que a introdução das novas práticas seria faseada, subtil. Os Novos hábitos teriam que ser introduzidos subtilmente, pequenas alterações aqui e ali espaçadas suficientemente no tempo por forma a não serem relacionadas. Cada governo teria a responsabilidade de adoptar as medidas necessárias tendo em conta as características do seu país.
- Nesse caso...- interrompi; Portugal não foi muito bem sucedido... Nada é mais invasivo para um português como lhe mexer no prato!

- Admito que a iniciativa foi arriscada. Todavia sabe quantos crimes são planeados todos os anos, em cafés e restaurantes? 90%. Sabe quantas crianças são agredidas anualmente com colheres de pau? 1%. Sabe a percentagem de incêndios provocadas por sardinhas na brasa? 45%. Sabe quantas cabeças são partidas na noite Lisboeta com copos de vidro? 22% . Neste caso não estão incluidas as estatísiticas da margem Sul onde se pensa que o número é bastante superior.
- Sim, percebi. Só não percebi a relação com o 11 de Setembro.
GF olhou-me repreendedor.
- Como pode um país combater ameças externas sem primeiro resolver as internas? Lembre-se, os Novos Hábitos deverão ser introduzidos lentamente, sem dar nas vistas. Mas o resultado final terá que ser sólido. Não serão toleradas falhas de qualquer tipo e uma casa não se constrói pelo telhado. Portugal possui problemas internos de segurança que necessitam de resolução urgente. No entanto.... A sua voz baixou... – Posso lhe dizer que pelo menos um atentado terrorista poderá já ter sido evitado pela ASAE.
- Nãooo...
- Como é que pensa que a secreta espanhola chegou à conclusão da existência de uma célula terrorista a operar no nosso país?
- Parece que interceptaram umas comunicações...
- Verdade. Sabe de que tratavam essas comunicações?
- Não.
- Bolas de Berlim.
(continua)




1 comentário:

Anónimo disse...

Bolas de Berlim!?

Mr. Anderson