sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

A Melhor Polícia do Mundo !!! Parte3

Claro que fiquei sem palavras. Não queria acreditar no que estava a ouvir.
- Mas isto é alguma bricadeira? Perguntei eu, já impaciente.
- Pelo contrário. O assunto é muito sério... – Respondeu GF. Falando pausadamente continuou.
- Governos legítimos investem fortunas escandalosas na aquisição de material bélico. O negócio de armas é um dos, talvez até o maior negócio de sempre. São astronómicas as quantias envolventes, fazem-se fortunas muitas vezes à custa da pobreza e ignorância de populações em vária regiões...
- Claro isso todos nós sabemos...é assim desde os anos 50... a chamada corrida ao armamento...
- O que se passa actualmente é muito diferente do que se passou à cinquenta anos atrás.
Interropeu GF.
- Na década de cinquenta todos os parceiros eram perfeitamente claros, vendedores: União Soviética e Estados Unidos; compradores: Alguns países saídos recentemente de regimes ancestralmente coloniais, sedentos de autonomia. Concentravam-se maioritariamente a Oriente com um grande foco nas ex-colónias francesas de Laos, Cambodja e Vietname, conhecidas por Indochina. Lutavam pela independência Nacional, um novo traçar de fronteiras. Todavia o conflito era local. Os Estados Ocidentais, com excepção claro dos Estados Unidos e indirectamente da ex-URSS, pouco se relacionaram com o confronto salvo raras excepções, onde interesses específicos poderiam estar comprometidos como aconteceu por exemplo com a Austrália. A própria natureza do material bélico era diferente, negociavam-se M-60s, Remingtons ou SKSs semi-automáticas. Algum material de artilharia em condições excepcionais. Provocaram danos elevadíssimos sem dúvida. Infelizmente, o cenário hoje é muito diferente, mas não melhor...
- Compreendo. As célebres armas de destruição em massa que celebraram a invasão do Iraque...
- E cuja circulação é hoje completamente descontrolada! Não temos garantias de quem vende, de quem compra.... Nada! Num mundo global, o comércio é global ! Repare... para nós a questão nunca foi a existência ou não de armas de destruição massiva em alguns paises... digamos menos amistosos. A questão foi sempre quando é que esses países poderiam estar em condições de as adquirir ou até desenvolver!
- Espere...- Interropi – Está a querer dizer que pairam sobre Portugal ameaças com algumas dessas armas?
Calmamente, GF respondeu.
- Salmonella letallis.
- Perdão?
- Salmonella letallis. Uma espécie bacteriana desenvolvida em laboratório.
- Uma arma biológica ???
GF anuiu silenciosamente.
As armas biológicas faziam parte do meu, mais terrível, imaginário. Imagens do filme “Outbreak” circulavam no meu cérebro.
- Na realidade, sabemos da sua existência desde o fim de 2006.
- E não fizeram nada? Não tomaram medidas ? Perguntei com um tom acusador.
- Não é assim tão simples. Na realidade os primeiros testes de sensibilidade realizados no CDC em Atlanta, revelaram o que aparentemente parecia uma bactéria normal, sensível aos antibióticos normais.
- Bom se assim for...
GF não me deixou terminar
- No entanto tudo mudou há três meses atrás com um estudo efectuado num laboratório inglês. Com o objectivo de elucidar o mecanismo de acção de alguns antibióticos “in vivo”, cientistas ingleses injectaram várias espécies bacterianas em ratinhos, entre as quais a S. letallis. Surpreendemente verificaram que todos os ratinhos injectados com aquela bactéria morreram ao fim de poucos minutos, mais precisamente 50. Mesmo quando após infecção, lhes era administrado a dose do antibiótico adequado, a taxa de mortalidade continuava na ordem dos 80% !
- Então os testes do CDC estavam errados? - Perguntei.
- Não exactamente. Surpreendidos, os mesmos cientistas verificaram que, apenas quando o antibiótico era administrado praticamente em simultâneo com a dose infecciosa é que a taxa de mortalidade descia para níveis próximos de zero. Perceberam então o que realmente se estava a passar.
- Ainda bem, porque eu não estou a perceber nada... – murmurei
- Repare, infecções de bactérias do género Salmonella são relativamente comuns. Os sintomas aparecem normalmente nas primeiras 12 a 24 horas, normalmente num quadro clínico associado a gastroenterites acompanhadas ou não de dor abdominal ou febre. Com a administração de antibióticos, os casos resolvem-se normalmente em 5 dias. Todavia, se não tratada, a bactéria pode sair dos intestinos e espalhar-se na corrente sanguínea para outros orgãos. Neste quadro de septicémia, a salmonella é mortal e a nível mundial ocorrem, em média anual, 600 casos. Analise então o quadro seguinte: os primeiros sintomas aparecem ao fim de 20 minutos. Após 45 minutos de infecção, a bactéria abandona os intestinos e espalha-se rapidamente para o sistema sanguíneo...os antibióticos nesta fase poderão ainda resolver a situação no entanto passaram apenas 60 minutos desde o início da contaminação. Pulmões, rins fígado são os alvos que se seguem. Nesta fase os antibióticos serão inúteis. Após 2 horas, falha generalizada de orgãos vitais. Morte em 80% dos casos.
Não conseguia dizer uma única palavra...
- O plano consistia em contaminar as bolas de berlim que são vendidas nas nossa praias sem qualquer tipo de controlo...
Começava a compreender onde GF queria chegar. Agosto... praia... Algarve... milhares de pessoas deleitadas com maravilhosas bolas de berlim... diarreias e vómitos após 20 minutos... milhares de pessoas a correrem aos hospitais onde teriam no máximo 1 hora para que lhes fossem administrados os antibióticos...Agosto...Milhares de pessoas... Urgências dos hospitais... O cenário era terrível!
- Vão morrer imensas pessoas !!! Exclamei. - As bolas de berlim têm que ser eliminadas!
- Exactamente. - Respondeu GF. - Percebe agora a decisão da ASAE?!?

Sim, estava a perceber. A perceber perfeitamente.


(continua)


Nota de autor: peço desculpa aos leitores mas a complexidade deste assunto exige uma quarta parte... aguardem...

1 comentário:

Anónimo disse...

Isto é material para livro!

Mr. Anderson